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Dra. Karina Tonini

Dra Karina Tonini

Quando o medo impede o idoso de caminhar​

Já ouviu falar em Ptofobia? Pfofobia é o medo de assumir a postura em pé ou andar, ou, em palavras mais simples, o medo de cair que impede o idoso de caminhar. 

Isso é um problema de saúde importante, principalmente para idosos com mais de 80 anos. Normalmente esse sintoma aparece após sofrer uma queda, mas idosos que nunca caíram também podem apresentar esse medo.

A pessoa que sofreu uma queda, pode diminuir a autoestima e autoconfiança em evitar novas quedas diante de obstáculos comuns do dia a dia, e com isso ele tende a evitar situações do dia a dia que sejam mais desafiadoras.

Para idosos que nunca caíram, as causas tendem a ser multifatoriais, como alteração da mobilidade, dor intensa em alguma parte do corpo, problemas de equilíbrio (como no parkinson e labirintite), depressão, pacientes institucionalizados (que moram em asilos e casa de repouso), baixa qualidade de vida, após um período internado ou que tenha tido que usar cadeira de rodas, condições de moradia (muitos degraus dentro ou fora de casa, por exemplo), dentre diversos outros fatores.

É muito comum inclusive, que pelo medo de cair, o idoso comece a apresentar alterações de marcha e com isso diminuindo cada vez mais o condicionamento físico, levando ao ciclo vicioso de maior risco de novos episódios. Além disso, na parte social, o idoso vai diminuindo cada vez mais suas atividades rotineiras, como ir à igreja, caminhadas na vizinhança ou no parque, trabalhos domésticos, além de também reduzir sua presença em eventos sociais e encontros da família. 

É claro que, em algumas situações, o medo pode ser fator de proteção caso o idoso realmente tenha algum fator de incapacidade e possa ser colocado em situações de risco devido a “coragem exagerada”. Mas o ponto de equilíbrio deve ser o nosso foco de atenção: o medo exagerado que reduz a qualidade de vida e aumenta o isolamento social deve ser desencorajado.

Os familiares e cuidadores devem ficar atentos para não reforçar a fobia da queda na tentativa de super proteger o idoso. É preciso tomar todos os cuidados necessários para que novas quedas sejam evitadas, mas não interferir na qualidade de vida do idoso, restringindo sua vida social e autonomia.

Esses cuidados incluem dar suporte e o encorajar sempre que possível, realizar visitas médicas periódicas para avaliação e orientações sobre a necessidade de dispositivos auxiliares de marcha, manter alimentação adequada e realização de atividades físicas resistidas de acordo com a orientação do geriatra.

Não menospreze o medo, ele é real, e incapacitante!